Benguela – E os meus Filhos

co-co-ranheta-e-foguete

Há pouco ao passar pela RTP Africa e ao ver filmagens de Benguela – Angola, cidade onde vivi desde 1964 a 1975, e onde nasceram meus filhos, deu-me a nostalgia e tudo me veio à lembrança. Os anos maravilhosos, que eu minha mulher e meus filhos passamos. Benguela era uma terra encantadora, todos nos conhecíamos e vida era alegre, e desprendida, tudo se dava bem, em 11 anos e em plena época dos movimentos de libertação e da chamada guerra colonial, nunca ouvi um tiro que fosse, e andei milhares de quilómetros em Angola, cheguei a visitar Luso -Teixeira de Sousa, mais ao sul Sá da Bandeira, Moçâmedes, Porto Alexandre e por aí fora. Que pena os homens estragarem o que Deus lhes deu e provocarem mau viver às populações, e que passados mais de 30 anos de Independência, parte maior daquela gente vive na miséria e na carência de tudo. Benguela era linda e então ao rebuscar uma canção que fosse enquadrada para esta lembrança, nada melhor que o Ouro Negro de Saudosa memória, e dedicar este espaço aos meus filhos, e assim também satisfaço todos aqueles que me escrevem e perguntam, quantos são, como são e querem conhece-los. Pois aí estão essas três “prendas,” que são o orgulho da mãe e do pai. Um abraço Américo

14 thoughts on “Benguela – E os meus Filhos

  1. Ao pesquizar na Net por outro assunto, vim caír aqui, entrei e fiquei emocionada, é que eu também nasci em Angola, em Novo Redondo e também tenho filhos, e ao ler tudo isto me cairam lágrimas de emoção, sei lá também o que passou por minha cabeça. Saudades do Ouro Negro, da Tia do Milo a Dª Ruth Moreira, que era de Benguela. Já não sou nova, e a vida não tem sido amiga ,nem de mim nem dos meus, e isto conçolou-me de ver e de sentir. Uma Portuguesa mas Angolana de coração. – Beijos para voçês , e para os seus filhos. Lisboa – Ana Sofia

  2. Curioso! Lembrar o Duo Ouro Negro, grupo que gravou na Capitol um LP com a Berta Cardoso, um disco raro, nomeadamente o Raúl que conheci pessoalmente, e lembrar Benguela, a terra onde durante alguns anos viveu uma grande amiga minha, filha dum farmacêutico, o Dr. Garcia que aí tinha uma farmácia… de facto, o mundo é pequeno.
    E que prazer conhecer a sua prole- Maísa, nome que lembra uma enorme cantora brasileira- Maysa (Monjardim) Matarazzo- que tive o privilégio de conhecer, linda também… e dois belos mocetões, todos músicos… Parabéns! O melhor para todos eles, e também para si e sua mulher.
    Beijinhos para todos
    OP

    • Ó TiaMacheta, como a senhora é amorosa, olhe não conhecia essa do Ouro Negro ter gravado com a saudosa Berta Cardoso, e de Benguela fala-me de coisas que também me lembra, realmente o mundo é pequeno, e da Maysa Matarazzo vem o nome que quiz para minha filha, fui um doido por essa brasileira, quando ela cantava “A noite do meu Bem” chorei muito pelo fim trágico da Matarazzo, sim e minha filha adora o nome de Maísa. Obrigado querida amiga por ser sempre tão presente e tão simpática. Um beijinho também com todo o meu respeito. Américo

  3. Pelas imagens, o fado germinou cedo na sua descendência.
    Mas o que me emociona, como facilmente o Américo entenderá, é o afecto implícito na homenagem aos seus filhos.
    Não estive em África, nem como militar, mas liguei-me afectivamente a Angola através duma grande amiga, já desaparecida, Alice Cruz, que foi jornalista e locutora. Viveu lá 20 anos e falava-me desta terra de forma tão apaixonada que me sentia a fazer uma visita guiada ao “paraíso terrestre”.
    …e a parte de imagem do vídeo está muito bem conseguida.
    Orlando

    • Caro Orlando, obrigado. E obrigado também por recordar Alice Cruz, cheguei a ser entrevistado, por ela, em uma das minhas idas a Luanda. Era uma Senhora e uma enorme Profissional, e tinha no meio artístico e radiofónico uma estima imensa e admiração. Obrigado por a recordar e curvemo-nos em sua memória. Um abraço Américo

  4. Caro Américo,

    Muito obrigado pelo comentário que deixou no blog do Jaume em que faz referência a mim. Meu nome é Antón e sou espanhol, originário da cidade de Vigo, na Galícia. Vigo fica apenas a 25 minutos da fronteira entre Espanha e Portugal. Agora moro em Nashville, nos Estados Unidos, onde estou a fazer os meus estudos de após-graduação em literatura espanhola, inglesa e portuguesa na Vanderbilt University. Sou amigo da Ofélia Pereira, que acho que você também conhece, e graças a ela conheci o blog do Jaume.

    Desde bem pequenino tenho-me interessado pela cultura portuguesa, que acho irmã da galega. Quando estou na Galícia, sempre viajo pelo Norte de Portugal, a Valença do Minho e ao Porto. Desde sempre tenho gostado de fado, especialmente dos grandes intérpretes do fado mais tradicional e castiço: Fernando Farinha, Alfredo Marceneiro, Frutuoso França, Carlos Ramos, Maria Teresa de Noronha, e muitos outros.

    Seu blog é excelente, muito interessante e cheio de informação sobre o fado. Visitarei-o regularmente a partir de hoje. Eu também faço um blog sobre fado, mas escrito em inglês e intitulado “All This Is Fado”. A minha ideia é oferecer informação sobre o fado a uma audiência anglófona que não tem muitas ocasiões de ler sobre o fado e que não o conhece. Se você quiser visitá-lo, aquí vai o link que o levará para o blog:

    http://fadous.blogspot.com

    Espero que goste, e mais uma vez, obrigado pelo magnífico trabalho que você faz em favor do fado!

    Antón García-Fernández.

    • Caro Anton, foi com muita alegria que recebi esta sua mensagem, eu já tinha por 2 vezes visitado seu Blog e logo me apercebi do que voçê diz, muito obrigado pelo que faz pelo fado, e ao falar de Vigo, como o mundo é pequeno, todos os sábados clientes meus de Vigo estão sempre em minha casa – Kalunga – e o fado é rei. Tenho vídeos sobre o fado no YouTube que pode servir-se deles, meus canais onde estão alojados, são – Vucarely – Vitaskaly – MadameBateflay – paujormay – e – Bertolukx. Vamos ficar amigos, será mais um que o Fado me dá. Um abraço , e lhe desejo tudo de bom para si e todos os seus familiares . Américo

  5. Querido amigo Américo!
    África, e pegando nas palavras da minha avó materna que la viveu cinco anos, é “a pérola negra de uma saudade que nunca esquecemos”. Talvez o meu amigo possa avaliar o quanto elas terão de verdade porque eu próprio nunca consegui encontrar uma visão tão apaixonada quanto a dela… pelo menos até ter a belissima visão que nos aqui nos deixa. Á tempos, no youtube, encontrei um diamante raro: um video de uma gravação dos anos 70 de um ensaio com a D. Amália e o Duo Ouro Negro do tema “Calunga”, sem sombra de súvida que a força que aquela terra de ouro e barro que o sol torna ainda mais brilhante tem uma força mistica que se torna dificil de se puder alcançar. 🙂 Um grande abraço para si Américo do André!

    • É verdade André, eu compreendo o que sua avó sentia, Àfrica tem aquele feitiço que nos prende para toda a vida. Pois o que me falas da canção “Calunga”, que Amália gravou, essa canção quem a cantava em Angola, era a Sara Chaves, artísta de Luanda,agora nós a cantamos todos os sábados em minha Casa, nas “Noites do Kalunga” já faz parte do cerimonial da noite, e quando me esqueço, são os próprios clientes que a lembram, com um acompanhamento a lembrar aquela batucada cadente que a música pede. Obrigado por tuas palavras, e aceita aquele abraço.Américo

  6. senhor Americo desculpe-me a leviandade de lhe perguntar se por acaso é o mesmo que estava á frente do bar Ferreira em benguela onde havia grandes petiscos e muita cuca e nocal grandes tempos….e já agora onde fica situada a sua nova casa Kalunga um kandandu

    • Meu caro José Gonçalves, lembra-me bem do Bar do Ferreira, mas eu não estive nele el alguma função, seria outro Américo. Eu estive a trabalhar 10 anos no Cavaco com o padre Manuel na Casa do Gaiato, mais tarde abri uma Alfaiataria ao lado do cabeleiro Abrantes, por cima da Electra, um pouco antes do Costa Júnior.fiz espectálos no Kalunga, no Monumental de Benguela, no Lobito Sports Club, no Flamingo, e em vários eventos como o Festival do Radio clube do Lobito, com o Gémeos VI e The Ritmy Boys, fizemos o Topa tudo Show e outros com o Rodolfo Caratão, saudoso amigo. Bons Termpos Bons amigos e saudade enorme de Benguela e suas gentes. Um abraço. Américo

  7. É urgente fazer ouvir as vozes que calam há dezenas de anos!……Incrivel como os governantes Portugueses foram capazes de enganar os SEUS PRÓPRIOS FILHOS durante largas centenas de anos.!Os “Retornados” que foram afinal os Construtores do Império continuam a ser marginalizados e desprotegidos perante a ausência de leis que permitam que sejam indemenizados.E os filhos dos tais “Retornados” que ficaram sem Pátria e continuam igualmente a ser omitidos, porque apesar dos tempos serem outros CONTINUAM A SER BRANCOS DE SEGUNDA….só porque nasceram e foram criados nas “tais Colónias” ….Afinal, os governantes Portugueses andam há séculos a expulsar os seus próprios filhos……e continuando a empobrecer este País…….forçarão milhares de cidadãos a procurar a sorte noutros territórios……(e agora os tais dos PALOPS/CPLP.)….QUANDO É QUE PORTUGAL CAI NA REAL? Quando é que Portugal começa a amar os seus próprios filhos e a não ter vergonha de si?Basta de Incompetentes e Cinicos!!!!!!!

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